Como atrair a misericórdia de Deus

Vendo o homem caído e rodeado de fraquezas, sujeito à tentação e à mercê das suas inclinações, que mudam com o tempo, as estações, a saúde, o ambiente e a educação, Deus é tocado por esta miséria, como se fosse sua; este movimento divino, que inclina o Senhor para a nossa miséria a fim de a aliviar, é a misericórdia. A nossa miséria é tão profunda que pode ser comparada com um abismo, que clama ao abismo da misericórdia divina (cf Sl 41,8); mas só clama a Deus na medida em que esta miséria é reconhecida e confessada, como fruto da humildade. A humildade é a confissão prática e contínua da nossa miséria, confissão que atrai o olhar de Deus. Os pobres não procuram esconder os seus trapos e as suas chagas, que são a fonte da sua súplica; pelo contrário, tornam-nos visíveis, para tocarem os corações. Do mesmo modo, não devemos procurar deslumbrar Deus com a nossa perfeição, mas atrair a sua misericórdia admitindo a nossa fraqueza. Cada um de nós tem misérias suficientes para atrair o olhar misericordioso do nosso Deus. Não é verdade que somos todos como aquele pobre viajante que jazia no caminho de Jericó, despojado das suas vestes e coberto de feridas? […] Eis uma excelente oração para mostrar a Nosso Senhor todas as nossas misérias, todas as fealdades que ainda desfiguram a nossa alma: «Meu Deus, vede esta alma que criastes e redimistes, vede como está deformada, cheia de inclinações que desagradam ao vosso olhar, e tende piedade dela!» Esta oração toca diretamente o coração de Cristo.

Beato Columba Marmion (1858-1923) abade – A humildade

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