A nossa alma está destinada a passar a eternidade no seio do próprio Deus. Numa palavra, meus irmãos: a nossa alma é uma coisa tão grande, tão preciosa, que só Deus pode superá-la. […] Só por isso, meus irmãos, pensai se será de espantar que Deus, que tão bem conhece o seu valor, chore amargamente a perda de uma alma; e pensai no cuidado que devemos ter para conservar toda a sua beleza. […] Há três coisas que podem fazer-nos chorar; mas apenas uma capaz de tornar as nossas lágrimas meritórias: quando choramos pelos nossos pecados ou pelos dos nossos irmãos: […] chorar a morte espiritual da própria alma, o seu afastamento de Deus, a sua perda do Céu. Ó lágrimas preciosas, como sois raras! E porquê, meus irmãos, senão porque não sentis a dimensão da vossa desgraça, no tempo e na eternidade? […] Ai de mim! Meus irmãos, foi o medo desta perda que despovoou o mundo e encheu os desertos e os mosteiros de cristãos: eles compreenderam muito melhor do que nós que, se perdermos a nossa alma, tudo está perdido, e que, por conseguinte, ela deve ser de grande valor, uma vez que o próprio Deus lhe dá tanta importância. Sim, meus irmãos, os santos sofreram muito para que a sua alma pudesse chegar ao Céu!
São João-Maria Vianney (1786-1859) presbítero, Cura de Ars – Sermão para o 9.º Domingo após o Pentecostes