Santíssimo e bem-aventurado Pai em Cristo, dulcíssimo Jesus, a vossa indigna e miserável filha pequena Catarina encoraja-vos no seu precioso sangue, com o desejo de vos ver sem qualquer temor servil; pois quem tem medo perde a força das suas santas resoluções e dos seus bons desejos. […] Se não fizerdes o que deveis é tendes razão para temer. Deveis vir [para Roma]; vinde, pois. Vinde com doçura, sem nada recear; e, se algum dos que vos rodeiam quiser impedir-vos, respondei-lhes corajosamente como Cristo respondeu a São Pedro, que queria, por ternura, poupar-Lhe a Paixão. Cristo voltou-Se para ele e disse-lhe: «Afasta-te de Mim, Satanás; tu és um escândalo para Mim, porque procuras mais o interesse dos homens do que o de Deus; tu não queres que Eu faça a vontade de meu Pai». Fazei o mesmo, dulcíssimo Pai: imitai Aquele de quem sois Vigário; fortalecei-vos em vós mesmo e dizei bem alto diante de todos: «Ainda que perca mil vezes a vida, quero fazer a vontade de meu Pai». Supondo que haja perigo de vida, não deveremos sacrificá-la? Trata-se de um meio seguro de adquirir a vida da graça. Sede corajoso e não tenhais medo de nada, porque não deveis ter. Armai-vos da santíssima cruz, que é a salvação e a vida dos cristãos; deixai dizer o que quiserem e sede firme no vosso santo propósito. […] Acreditai e confiai em Cristo, o doce Jesus. […] Permanecei no santo e suave amor de Deus. Perdoai-me, perdoai-me; que Jesus crucificado esteja convosco. Doce Jesus, Jesus amor.
Santa Catarina de Sena (1347-1380) terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa – Carta 8, a Gregório XI