São Cirilo de Jerusalém (313-350) bispo de Jerusalém, doutor da Igreja – Catequese batismal n.º 17, 9-1
O Espírito Santo desceu durante o batismo de Cristo para que a dignidade dos batizados não passasse despercebida, como disse João: «Aquele que me enviou a batizar na água disse-me: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e sobre Ele permanecer, é Ele o que batiza no Espírito Santo”» (Jo 1,33). Atenção: o que diz o Evangelho? «Os céus rasgaram-se»; mas rasgaram-se por causa da dignidade daquele que desceu. «Eis que os céus se abriram para Ele, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele» (Mt 3,16). Com efeito, era necessário […] que as primícias do Espírito Santo dos batizados fossem dadas à humanidade do Salvador que concede tão grande graça. Talvez tenha descido também sob a forma de pomba para mostrar, como sugerem alguns, um modelo da pomba pura, inocente e simples, que, com as suas orações, trabalha pelos seus pequeninos e pelo perdão dos pecados. […] Em parte, a pomba de Noé prefigurava esta. Pois, assim como no tempo de Noé os homens receberam a salvação através da madeira e da água, e deram início a uma nova geração, e assim como a pomba voltou para ele à noite com um ramo de oliveira, assim também o Espírito Santo desceu sobre o verdadeiro Noé, o autor da segunda geração, que trazia consigo na mesma arca amostras de todas as espécies […]. A pomba espiritual desceu no momento do batismo para mostrar que é Ele próprio que salva os crentes pelo madeiro da cruz e que, ao anoitecer, trará a salvação pela sua morte.