Jesus: «Lembrai-vos da coragem com que, no meio dos meus inimigos, enquanto eles conspiravam para Me perder, Eu proclamei diante deles, gritando-a bem alto, a doutrina da verdade, e aquelas mesmas verdades que Eu sabia serem as mais odiosas, as mais insuportáveis para eles. […] Lembrai-vos da coragem com que realizei diante deles, no meio deles, os milagres, as curas, os feitos que os enfureciam e os faziam jurar a minha morte. […] Fi-lo por vós, para vosso bem, para pregar bem alto a verdade e para dar a todos os homens uma lição de coragem, em particular no cumprimento dos seus deveres religiosos; para dar aos pastores de almas uma lição de coragem na pregação. Não oculteis a verdade, custe o que custar; se fordes martirizados por ela, tanto melhor: reinareis comigo na casa de meu Pai. […] Mas lembrai-vos do exemplo que vos dou. Eu sou a luz, não tenho o direito de me colocar debaixo do alqueire: devo iluminar os homens, mesmo que eles não queiram, até que meu Pai Me chame ao repouso; da mesma forma, coloquei-vos, a vós que sois pastores de almas, no candelabro […]; tendes a obrigação de semear a semente que vos confiei, de gritar do alto dos telhados a doutrina que vos dei. Gritai-a, semeai-a, pregai-a; fazei-o com uma alegria tanto mais doce quanto, ao fazê-lo, não estais apenas a obedecer-Me, estais a imitar-Me. […] Quer sejais escutados ou não, pregai sempre, e rezai sempre para que as vossas palavras deem fruto; se não derem, continuai sem tristeza nem desânimo, com uma certa alegria por esse fracasso, pois, não tendo êxito, partilhais a minha sorte».
São Charles de Foucauld (1858-1916) eremita e missionário no Saara – Oito dias em Efrém