Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167) monge cisterciense – Espelho da Caridade, III, cap. 3
Quando um homem se retira do tumulto exterior para entrar no segredo do seu coração, quando fecha a porta à multidão ruidosa das vaidades e percorre os seus tesouros interiores, quando nada encontra em si mesmo que esteja agitado e desordenado, nada que o atormente e o contrarie, quando tudo nele está cheio de alegria, de harmonia, de paz e de tranquilidade; quando o pequeno mundo dos seus pensamentos, das suas palavras e das suas obras lhe sorri, como a família sorri ao pai numa casa onde reina a ordem e a paz − então, surge nele uma segurança maravilhosa, da qual provém uma alegria extraordinária, de onde resulta um canto de satisfação e de louvor a Deus, louvor esse que é tanto mais fervoroso quanto mais claramente se compreende que tudo quanto se tem de bom é um dom de Deus. A alegre comemoração do sábado deve ser precedida de seis dias, isto é, do completamento das obras. Começamos por transpirar praticando boas obras, para em seguida descansarmos na paz da nossa consciência. Dessas obras boas nasce a pureza da consciência, que conduz a um justo amor de nós próprios, que nos permitirá amar o próximo como nos amamos a nós (cf Mt 22,39).