«Escolheu doze, para andarem com Ele e para os enviar a pregar»

Santo Agostinho (354-430) bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja – Sermão 311, 2

Os bem-aventurados apóstolos […] foram os primeiros a ver Cristo suspenso na cruz; choraram a sua morte e ficaram atemorizados pelo prodígio da sua ressurreição, mas, logo a seguir, transportados de amor por esta manifestação do seu poder, não hesitaram em derramar o seu sangue para atestar a verdade do que tinham visto. Pensai, irmãos, no que foi pedido a esses homens: ir por todo o mundo pregar que um morto tinha ressuscitado e subido ao céu; e sofrer, devido à pregação dessa verdade, tudo o que aprouvesse a um mundo insensato: privações, exílio, cadeias, tormentos, carrascos, feras ferozes, a cruz e morte. Teriam sofrido tudo isso por um desconhecido? Teria Pedro morrido para sua própria glória? Teria pregado em proveito próprio? Ele morria e Outro, que não ele, era glorificado por essa morte; ele foi morto e Outro foi adorado. Só a chama ardente da caridade, unida à convicção da verdade, pode explicar semelhante audácia! Eles pregavam o que tinham visto. Ninguém morre por uma verdade da qual não está seguro. Ou deveriam eles negar o que tinham visto? Mas não negaram, antes pregaram esse morto que sabiam estar perfeitamente vivo. Eles sabiam por que vida desprezavam a vida presente, sabiam por que felicidade suportavam provas passageiras, por que recompensa espezinhavam todos esses sofrimentos. A sua fé pesava mais na balança que o mundo inteiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima