São João-Maria Vianney (1786-1859) presbítero, Cura de Ars – Sermão para o 11.º Domingo depois do Pentecostes
Que desejável seria, meus irmãos, que se pudesse dizer de cada um de nós o que o Evangelho diz do mudo que Jesus curou: que ele falava bem. Infelizmente, meus irmãos, não poderemos, pelo contrário, ser censurados por falarmos quase sempre mal, sobretudo quando falamos do nosso próximo? De facto, qual é o comportamento da maior parte dos cristãos de hoje? É criticar, censurar, denegrir, condenar o que o próximo faz e diz; este é o mais comum de todos os vícios, o mais universalmente difundido, e talvez o pior de todos. É um vício que nunca é demais detestar, um vício que tem as consequências mais desastrosas, que traz problemas e desolação por todo o lado. Oh, que Deus me desse um daqueles carvões que o anjo usou para purificar os lábios do profeta Isaías (cf Is 6,6-7), para eu purificar a língua de todos os homens! Quantos males seriam banidos da terra se fosse possível banir os mexericos! Pudesse eu, meus irmãos, dar-vos tal repugnância por esse vício que tenhais a felicidade de o corrigir para sempre! […] Termino dizendo que não só está mal caluniar e difamar, mas também ouvir com prazer a calúnia e a difamação; porque se ninguém ouvisse, não haveria caluniadores […] Digamos muitas vezes: «Meu Deus, dai-me a graça de me conhecer tal como sou». Feliz, mil vezes feliz o homem que usa a sua língua apenas para pedir a Deus perdão pelos seus pecados e cantar os seus louvores!