A cadeira da verdade

Venerável Pio XII (1876-1958) papa – Audiência de 17/01/1940

Viestes aqui na véspera do dia em que a Igreja celebra a festa da Cadeira de São Pedro em Roma. […] Olhai para o púlpito de onde o primeiro papa se dirigiu aos primeiros cristãos, como eu me dirijo a vós neste momento: foi aqui que os exortou a estarem vigilantes contra o demónio, que, como um leão que ruge, ronda à nossa volta, procurando a quem devorar (cf 1Ped 5,8-9); foi aqui que os exortou a permanecerem firmes na fé, para não se deixarem levar pelos erros dos falsos profetas (cf 2Ped 2,1; 3,17). Estes ensinamentos de Pedro continuam nos seus sucessores e continuarão, inalterados, ao longo dos séculos, porque esta é a missão que o próprio Cristo confiou ao chefe da Igreja. Para sublinhar o carácter universal e indefetível deste ensinamento, a sede do primado espiritual foi, após uma preparação providencial, fixada na cidade de Roma. Segundo a observação do nosso predecessor São Leão Magno, Deus, pela sua Providência, reuniu os povos num único império, do qual Roma era a capital, para que, a partir dela, a luz da verdade, revelada para a salvação de todos os povos, se difundisse mais eficazmente em todos os seus membros (Sermão LXXXII c,3-5). Os sucessores de Pedro, mortais como todos os homens, também passam […]. Mas o primado de Pedro perdurará sempre, graças à assistência especial que lhe foi prometida quando Jesus lhe confiou a tarefa de confirmar os seus irmãos na fé (cf Lc 22,32). Seja qual for o nome, o rosto, as origens humanas de cada papa, é sempre Pedro que vive nele, é Pedro que dirige e governa, é Pedro sobretudo que ensina e difunde no mundo a luz da verdade libertadora. Isto levou um grande orador sagrado a dizer que Deus tinha estabelecido um púlpito eterno em Roma: «Pedro viverá nos seus sucessores; Pedro falará sempre do seu púlpito» (Bossuet, Sermão sobre a unidade da Igreja, 1).

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