Santa Catarina de Sena (1347-1380)
terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
«O dom do Verbo encarnado», cap. VI, n.º 22
[Santa Catarina de Sena ouviu Deus dizer-lhe:] Abre, minha filha, o olhar do teu entendimento: verás os cegos e os ignorantes, mas também os imperfeitos e os perfeitos que Me seguem verdadeiramente. Desta forma, sentirás tristeza pela condenação dos ignorantes e alegria pela perfeição dos meus filhos bem-amados. Descobrirás como se comportam os que andam na minha luz e os que andam nas trevas. Mas antes, quero que olhes para a Ponte que construí para vós no meu Filho único, e que contemples a sua grandeza, que vai do Céu à Terra, pois a grandeza da Divindade está unida à Terra da vossa humanidade. É por isso que vos digo que ela vai do Céu à Terra, pela união que fez com o homem. Isto era necessário para refazer o caminho que tinha sido interrompido, como te disse, e para vos permitir atravessar as amarguras do mundo e chegar à vida. Partindo da Terra, ninguém conseguia atravessar o rio e chegar à vida eterna, porque a Terra da natureza humana era incapaz, por si só, de compensar o pecado e destruir a mancha do pecado de Adão, que corrompeu e infetou todo o género humano, como já te disse. Era, portanto, necessário combiná-la com a grandeza da minha natureza, a Divindade eterna, para que ela pudesse satisfazer as necessidades de todo o género humano: era necessário que a natureza humana sofresse o castigo e que a natureza divina, unida à natureza humana, aceitasse o sacrifício que o meu Filho Me ofereceu, para destruir a morte e vos dar a vida. Desta forma, a Grandeza desceu à Terra da vossa humanidade: unindo-se a ela, construiu uma ponte e restabeleceu o caminho. Para quê? Para que o homem pudesse vir alegrar-se com a natureza angélica. Mas, para obterdes a vida, não basta que o meu Filho Se tenha tornado ponte, também é preciso que vós passeis por essa ponte.