São Máximo o Confessor (c. 580-662), monge, teólogo
Centúria sobre a teologia VI, nn. 7-8
Uma vez que o prazer dos sentidos dá origem à aflição, isto é, à dor da alma (pois são uma e a mesma coisa), o prazer da alma dá naturalmente origem à aflição, isto é, à dor dos sentidos. Aquele que procura a vida que espera, a vida de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, através da ressurreição dos mortos, na herança guardada nos Céus e isenta de toda a corrupção, impureza e maldição (cf 1Pe 1,4), tem uma alegria e um júbilo inefáveis na sua alma, está sempre radioso, iluminado pela esperança dos bens futuros, mas tem uma aflição na carne e nos sentidos, dores que lhe advêm de tentações de todo o género e dos sofrimentos que elas infligem. Pois o prazer e a dor acompanham sempre a virtude: dor da carne, que é privada dos sentidos agradáveis; e prazer da alma, que se regozija com as delícias da razão em espírito, purificada de todas as coisas sensíveis. É necessário que, durante a vida presente, o intelecto, que está agora, segundo me parece, afligido na carne por causa das muitas provas que lhe sobrevêm em função da virtude, se regozije sempre na alma e se encha de prazer por causa da esperança dos bens eternos, mesmo que os sentidos sejam subjugados. «Porque os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória futura, que se há de revelar em nós» (Rm 8,18), como diz o divino apóstolo.