São Narsés Snorhali (1102-1173) patriarca arménio
Segunda parte, §§ 381-387; SC 203
Duplamente afligido
pelas flechas mortais do Maligno,
clamo como um doente:
«Impõe remédio à ferida profunda da minha alma».
Afasta dos olhos do meu espírito o pó dos vícios,
o do interior e o do exterior,
para que eu possa ver claramente no Céu
a face do Arquétipo.
E, em vez de ouvir a palavra comum
no recetáculo da minha audição,
imprime nele a palavra da Sagrada Escritura,
do Testamento onde Deus fala.
Coloca uma sentinela ao lado dos lábios da minha boca,
para que eu não fale em detrimento da minha alma,
mas sempre de acordo com a tua vontade,
para edificação e proveito de quem ouve.
Concede às minhas mãos ativas a graça
de fazerem o bem duradouro;
de não se aplicarem aos prazeres,
a coisas palpáveis e prejudiciais.
E se estes sentidos vierem a escorregar e a escandalizar-se,
faz-me imitar, segundo o mandamento,
Aquele que preferiu sacrificar-Se,
para não sofrer o castigo total.
Dirige os passos da minha alma para o Céu,
e estabelece-os na Rocha inabalável,
para que não se tornem para todo o meu ser
ocasião de cair no fogo.