Santa Catarina de Sena (1347-1380)terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
Carta 42 ao rei Luís da Hungria, n.º 188
Meu caro Padre, dir-me-eis talvez: Gosto muito da caridade, mas como posso saber se a tenho? Responder-vos-ei: Se a alma encontrar em si mesma as condições que reconhecemos à caridade, e que se resumem em dois pontos principais: primeiro, verdadeira e santa paciência, que suporta todas as injúrias, pequenas ou grandes, venham elas de onde vierem, e as suporta com espírito calmo e tranquilo; segundo, zelo de aliviar, tanto quanto possível, as necessidades do próximo. Assim, a primeira condição da caridade é suportar as injúrias, a segunda é dar: e dar o quê? O afeto da caridade, amando o próximo como a si mesmo e assistindo as criaturas segundo as graças e os bens espirituais e temporais que Deus dá; a alma está disposta a tomar e a saborear a palavra de Deus, e aplica-se a observá-la até à morte. Há muitos outros sinais de caridade, mas não quero estender-me demasiado, e ficar-me-ei por estes dois, que são os principais. Oh, como é feliz a alma que se alimenta no seio de mãe tão doce! É humilde, é obediente e prefere morrer a não estar sujeita a Jesus crucificado.