Cristo deu‑nos o exemplo com a sua vida

   Os presbíteros sejam compassivos e misericordiosos para com todos; reconduzam ao bom caminho os errantes, visitem todos os enfermos, sem descuidar a viúva, o órfão ou o pobre; procurem fazer sempre o bem diante de Deus e dos homens, abstendo‑se de toda a ira, da acepção de pessoas, do juízo injusto e de toda a espécie de avareza; não acreditem facilmente no mal que se diz contra alguém, não julguem com excessiva severidade, tendo sempre presente que todos somos pecadores. Se pedirmos ao Senhor que nos perdoe, também nós devemos perdoar: estamos todos sob o olhar do nosso Deus e Senhor e havemos de comparecer todos diante do tribunal de Cristo, onde cada um dará contas de si mesmo. Sirvamo‑l’O, portanto, com temor e reverência, como nos mandou Ele mesmo e os Apóstolos que nos anunciaram o Evangelho e os Profetas que nos predisseram a vinda de Nosso Senhor; sejamos zelosos em praticar o bem, evitemos os escândalos, os falsos irmãos e os que anunciam hipocritamente o nome do Senhor induzindo em erro os incautos. Todo aquele que não professa que Jesus Cristo Se fez homem é anti‑cristo; e quem não reconhece o testemunho da cruz é do diabo; e quem interpreta as palavras do Senhor segundo as próprias conveniências e afirma que não há ressurreição nem juízo, esse é o primogénito de Satanás. Por isso, abandonando os vãos discursos e as falsas doutrinas que muitos sustentam, voltemo‑nos para a doutrina que desde o princípio nos foi transmitida; sejamos sóbrios para nos entregarmos à oração, perseveremos nos jejuns e supliquemos a Deus que tudo vê, para que não nos deixe cair em tentação, porque, como disse o Senhor, o espírito está pronto mas a carne é fraca. Perseveremos inabalavelmente firmes na nossa esperança e no penhor da nossa justificação, Jesus Cristo; Ele que não cometeu pecado e em cuja boca não se encontrou mentira, suportou os nossos pecados no seu Corpo sobre o madeiro da cruz e tudo sofreu por nós, a fim de que vivamos n’Ele. Sejamos imitadores da sua paciência; e se padecemos por sua causa, dêmos glória ao seu nome. Este foi o exemplo que Ele nos deu com a sua vida e é nisso que nós acreditamos.

Da Carta de São Policarpo, bispo e mártir, aos Filipenses (Cap. 6, 1 – 8, 2: Funk 1, 273-275 (Sec. II)

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