Pedro e Paulo, sementes gloriosas da sementeira divina

São Leão Magno (?-c. 461)papa, doutor da Igreja
Sermão 82, 6-7

«É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos que lhe são fiéis» (Sl 115,15). Uma religião cujo fundamento é o mistério da cruz de Cristo não pode ser destruída por nenhum tipo de crueldade. A Igreja não é diminuída pela perseguição, mas fortalecida por ela: o campo do Senhor fica coberto por uma seara cada vez mais rica, porque as sementes, caindo uma a uma, renascem multiplicadas. Milhares de mártires bem-aventurados testemunham a multiplicação da posteridade dessas duas gloriosas sementes da sementeira divina, os apóstolos Pedro e Paulo. Émulos de um e outro no seu triunfo, eles encheram a nossa cidade de Roma de uma multidão de púrpura, cujo brilho resplandece ao longe, e coroam-na com um diadema engastado com o esplendor de inúmeras pedras preciosas. Nós alegramo-nos, amados filhos, celebrando a memória e invocando a proteção de todos estes santos que Deus nos deu como exemplos de paciência e sustentáculos da nossa fé. Mas devemos alegrar-nos ainda mais pela glória eminente destes dois apóstolos, que foram seus pais. A graça de Deus elevou-os tão alto entre todos os membros da Igreja que, neste corpo de que Cristo é a cabeça, eles podem ser comparados à luz dos dois olhos. Quando pensamos nos seus méritos e virtudes, que ultrapassam tudo o que se pode dizer deles, não devemos preferir um ao outro nem dissociá-los. Porque a mesma eleição os tornou iguais, a mesma tarefa os tornou semelhantes, o mesmo fim os uniu. Como nós experimentámos e como os nossos predecessores atestaram, acreditamos e esperamos que as orações destes dois dignos protetores nos obtenham a misericórdia de Deus no meio das provações desta vida; assim, por muito esmagados que nos sintamos pelo peso dos nossos pecados, seremos elevados pelos méritos destes apóstolos.

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