São Tomás de Vilanova (c. 1487-1555) eremita de Santo Agostinho, bispo
Sermão para o Domingo in albis
Tomé soltou esta exclamação sublime: «Meu Senhor e meu Deus». Esta profissão de fé, maior do que a incredulidade passada, não poderia ter soado mais alto: é todo o conteúdo da fé que está incluído nesta breve exclamação. Maravilhosa penetração deste homem, que toca no Homem e Lhe chama Deus, que toca numa coisa e acredita na outra. Tivesse ele escrito mil livros, não teria servido tão bem a Igreja. Com que clareza, fé e simplicidade chama Deus a Cristo! Que palavra tão útil e necessária para a Igreja de Deus! Foi graças a ela que as piores heresias foram outrora extirpadas da Igreja. Pedro foi elogiado por ter dito: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16); ora, é ainda que com maior clareza que Tomé exclama: «Meu Senhor e meu Deus», confessando, com estas simples palavras, as duas naturezas de Cristo. «Porque Me viste, acreditaste; felizes os que acreditam sem terem visto». Estas palavras, irmãos, dão-nos uma grande consolação. Sempre que dizemos ou exclamamos: «Bem-aventurados os olhos, bem-aventurado o tempo, bem-aventuradas as pessoas que tiveram a sorte de ver e contemplar tão grandes mistérios», estamos a falar verdade, porque o Senhor disse: «Bem-aventurados os olhos que veem o que vedes» (Lc 10,23); mas Ele também disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto». E estas palavras geram uma consolação ainda maior, apontam para um mérito maior. A visão dá mais alegria; a fé dá maior honra.