Somos chamados irmãos

Tertuliano (c. 155-c. 220) teólogo
Apologético, 39, 1-9

Formamos um só corpo através da nossa comunidade de crenças, da nossa unidade de disciplina e da nossa comunhão de esperança. Marchamos juntos como um exército, para sitiar a Deus e forçar a sua mão com as nossas orações. Esta violência é agradável a Deus. Também rezamos pelos imperadores e os seus ministros, pela atual situação do mundo e pela paz. Reunimo-nos para recordar as Sagradas Escrituras, nas quais, consoante as circunstâncias, encontramos esclarecimentos ou advertências. Estas palavras sagradas alimentam a nossa fé, elevam a nossa esperança, fortalecem a nossa confiança e reforçam a nossa disciplina; nelas se fazem exortações, correções e juízos divinos. […] Se existe uma espécie de fundo comum, este não é constituído por uma soma de taxas, como se a religião fosse objeto de comércio. Cada um paga o seu modesto tributo todos os meses, no dia em que quer, na medida em que pode e se quiser. Ninguém é obrigado a fazê-lo; cada um contribui espontaneamente com a sua parte. […] Esta prática da caridade é o que mais nos distingue junto de algumas pessoas: «Vede como se amam!», dizem, pois eles detestam-se mutuamente. «Vede como estão dispostos a morrer uns pelos outros». […] Pela lei da natureza, nossa mãe comum, também somos vossos irmãos, mas com quanta mais razão são chamados irmãos e considerados como tais aqueles que reconhecem Deus como seu único Pai, que beberam do mesmo Espírito de santidade e que, tendo saído do mesmo seio da ignorância, se maravilharam com a mesma luz da verdade.

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