Venerável Madaleine Delbrêl (1904-1964) missionária das pessoas da rua
Comunidades evangélicas para o nosso tempo
As ruturas que são necessárias à Igreja e aos cristãos, as ruturas com o mundo que são necessárias para salvar o mundo e as ruturas que são necessárias para manter a Igreja em movimento, têm de ser colocadas no seu devido lugar, mas são fundamentais. Penso que é importante tomarmos consciência das ruturas que são cristãs e sem as quais uma vida cristã não é cristã no sentido mais elementar, das ruturas que são exigidas a cada cristão pelo simples facto de ser batizado. Não podemos tornar-nos carne e sangue da Igreja pelo batismo, ser carne e sangue do seu corpo, o corpo de Cristo, sem haver, entre nós e o mundo, oposições que são ruturas; e é através destas ruturas que nos tornamos aptos a participar na redenção de Cristo. «Ao mesmo tempo que a Igreja se torna mais consciente de certas necessidades interiores, é mais fortemente solicitada pelas necessidades do mundo ao qual está destinada», afirma Paulo VI. Do mesmo modo, é porque somos batizados, porque recebemos o Espírito Santo, porque Ele tem de agir em nós, que Ele tem de nos atrair para a marcha que imprime à Igreja. Ora, tudo o que se move, rompe com alguma coisa. Pode-se dizer que a liberdade elementar e essencial dos filhos de Deus tem como preço as ruturas. Mas uma rutura só é cristã se for motivada pela união com Cristo e pela participação na obra de Cristo. Não rompemos só por romper. Todo o corpo, toda a Igreja de Cristo, precisa destas ruturas fundamentais. […] Ruturas que devem libertar-nos para pertencermos única e definitivamente a Jesus Cristo; ruturas que devem dar-nos a liberdade de tentar viver, com a sua graça, uma vida toda ela de caridade, segundo o Evangelho. São ruturas que devem dar-nos a liberdade de estarmos disponíveis para a sua vontade no mais íntimo da Igreja.