São Charles de Foucauld (1858-1916) eremita e missionário no Saara
Sobre o Evangelho
«O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre». Não procuremos ser mais perfeitos do que Jesus, não procuremos praticar as virtudes melhor do que Ele, não acreditemos que podemos fazer algo melhor do que Ele. Imitemo-lo, pois, em tudo, porque, se fizermos o contrário do que Ele fez, estaremos necessariamente a fazer menos bem. A perfeição é fazer como o Mestre fez; acreditar que podemos fazer melhor é tolice: pratiquemos, pois, as virtudes como Ele as praticou; façamos o bem como Ele fez, se queremos ser perfeitos, pois, fazendo de outro modo, faremos menos bem: a perfeição é fazer como o Mestre fez. Não procuremos virtudes mais elevadas, pois seria tolice: nada é mais elevado do que Deus, mais perfeito do que Deus. […] Querer ser mais doce do que Jesus seria fraqueza, ser mais severo seria dureza, ser mais austero seria tentar a Deus, ser mais pobre seria singularidade e mau exemplo. Em suma, querer ser mais perfeito, seja de que maneira for, seria ser orgulho imenso e insensatez. Imitemos, pois, Jesus, se queremos ser perfeitos, já que é impossível encontrar maior perfeição do que a sua; a perfeição é ser como o Mestre, e é tolice e pecado pensar sequer que é possível ser mais perfeito que Ele seja no que for. «Quem como Deus?»: não procuremos ser maiores do que Jesus aos olhos dos homens […]. Imitemos Jesus em tudo, que é a perfeição: Jesus é Deus e Deus é perfeito; tudo o que Jesus fez, tudo o que Ele foi, foi a perfeição. […] Somos criaturas, necessariamente imperfeitas sempre e em tudo; nunca poderemos atingir a perfeição; por isso nós, que somos tão imperfeitos, só podemos aproximar-nos dela imitando o mais possível Aquele que é sempre perfeito, o nosso Deus Jesus!