Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja
Sermão 62
Como é que o centurião obteve a graça da cura do seu servo? «Porque também eu, que sou um subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens. Digo a um “vai” e ele vai; e a outro “vem” e ele vem; e ao meu servo “faz isto” e ele faz» Tenho poder sobre os meus subordinados, mas eu também estou submetido a uma autoridade superior. Se, pois, embora subordinado, tenho, apesar de tudo, o poder de comandar, o que não poderás fazer Tu, a quem se submetem todas as potestades?
Este homem pertencia ao povo pagão pois a nação judaica estava ocupada pelos exércitos do Império Romano. […]. Mas Nosso Senhor, embora estivesse entre o povo hebraico, declarava já que a Igreja se espalharia por toda a Terra, para onde Ele enviaria os seus apóstolos (cf Mt 8,11). Com efeito, os pagãos acreditaram nele sem O terem visto […]. O Senhor não entrou fisicamente na casa do centurião; mas, embora ausente de corpo, esteve ali presente pela sua majestade e curou esta casa pela sua fé. Do mesmo modo, o Senhor só estava fisicamente presente no meio do povo hebraico; os outros povos não O viram nascer de uma Virgem, nem sofrer, nem caminhar, nem sujeitar-Se às condições da natureza humana, nem fazer maravilhas divinas. Ele não fez nada disso entre os pagãos e, no entanto, entre eles, realizou-se o que Ele tinha dito a seu respeito: «Povos desconhecidos prestaram-Me vassalagem». Como foi que O serviram se não O conheciam? O salmo continua: «Mal ouviram falar de Mim, logo Me obedeceram e os estrangeiros Me cortejaram» (Sl 17,45).