São João-Maria Vianney (1786-1859)presbítero, Cura de Ars
Sermão para o 2.º Domingo depois da Páscoa
O primeiro meio de perseverar no caminho que conduz ao Céu é ser fiel, seguindo e aproveitando os movimentos de graça que Deus está disposto a conceder-nos. Todos os santos devem a sua felicidade à fidelidade com que seguiram os movimentos que o Espírito Santo lhes concedeu, e os condenados só podem atribuir a sua desgraça ao desprezo que tiveram por eles. Tanto basta para vos fazer compreender o seu valor e a necessidade de lhes serdes fiéis. Mas, perguntareis, como saberemos se estamos a fazer o que a graça quer de nós ou se estamos a resistir-lhe? Se não sabeis, escutai-me um momento e percebereis o essencial. Antes de mais, dir-vos-ei que a graça é um pensamento que nos faz sentir a necessidade de evitar o mal e de fazer o bem. […] Os santos só se santificaram pela sua grande dedicação em seguir as boas inspirações que Deus lhes enviava, e os condenados só caíram no inferno porque as desprezaram. […] No Evangelho, vemos que todas as conversões que Jesus Cristo operou durante a sua vida se basearam na perseverança. Como foi que São Mateus se converteu? Sabemos que Jesus Cristo, tendo-o visto no seu ofício, o convidou a segui-lo, e que Mateus o seguiu; mas o que nos garante que a sua conversão foi verdadeira é que ele não voltou a esse ofício, não cometeu mais injustiças: depois de ter começado a seguir Jesus Cristo, não mais O deixou. A perseverança na graça e a renúncia ao pecado para sempre foram os sinais seguros da sua conversão.