São João Bosco (1815-1888) presbítero, educador e fundador de comunidades religiosas
Cartas aos seus confrades
É mais fácil zangarmo-nos do que aguentar, ameaçar uma criança do que persuadi-la; diria mesmo que a nossa impaciência e o nosso orgulho acham melhor impor castigos aos recalcitrantes do que devolvê-los ao bom caminho com firmeza e brandura. No entanto, o que vos recomendo é a caridade de Paulo, a caridade que ele tinha pelos recém-convertidos, e que ia até às lágrimas e à súplica, quando os achava pouco dóceis ou inacessíveis ao seu amor. Tende cuidado para não agir por impulso. Quando castigamos, é difícil manter a equanimidade necessária para que as pessoas não pensem que estamos a agir para mostrar a nossa autoridade ou para dar rédea solta à nossa irritação. Vejamos [os nossos rapazes] como filhos sobre os quais temos poder. Sejamos servos deles, como Jesus, que veio para obedecer e não para mandar; não nos envergonhemos de dominar à maneira dele, e dominemo-los apenas para os servir melhor. Foi o que Jesus fez com os apóstolos, que eram ignorantes e rudes; além disso, apoiou-os quando não eram fiéis, e teve uma bondade e uma amizade familiares com os pecadores, de tal modo que alguns ficaram espantados, outros escandalizados, mas outros pediram perdão de Deus. Foi por isso que Ele nos mandou ser mansos e humildes de coração.