São Narsés Snorhali (1102-1173) patriarca arménio
«Jesus, Filho único do Pai», Segunda parte, §§ 517-525; SC 203
De Jerusalém, o nosso Paraíso,
como Adão culpado,
desci à vil Jericó
e caí nas mãos dos bandidos.
Eles despojaram-me da luz
e cobriram minha alma com as feridas do pecado;
e não se foram embora, deixando-me meio morto,
mas, depois da morte, continuam a assaltar-me.
Moisés, o levita,
e Aarão, o sacerdote antigo,
e a nação do Grande Patriarca,
e os profetas da Lei Antiga,
todos viram as chagas do meu sofrimento incurável,
minhas terríveis feridas.
Mas, passando por elas o remédio das simples palavras,
não puderam curá-las.
A Ti, a quem chamou samaritano
a impudente raça judaica,
mostrarei os sofrimentos da minha alma,
a teus olhos divinos, que os veem.
Tem piedade de mim, como tiveste piedade de Adão,
aplica o remédio à ferida profunda da minha alma;
cobre-a com o meu primeiro manto,
de que os ladrões me despojaram.
Derrama sobre ela azeite e vinho,
o remédio vivificante do Espírito do alto,
dá de novo o Espírito da unção
e o cálice da Nova Aliança.
Leva-me ao monte da cruz,
leva-me para a pousada, para a Igreja.
Confia-me ao Sumo-sacerdote
que oferece o teu corpo em sacrifício.
Dá, em vez dos dois denários,
a palavra do Antigo e do Novo Testamento,
para com ela curar a minha alma,
como o corpo viverá do pão.