Deus criou o homem, tirando o seu corpo da matéria que tinha produzido e animando-o com o seu próprio sopro, a que a Escritura chama alma pensante e imagem de Deus. […] Colocou o homem na terra para velar sobre a criação visível, para ser iniciado no mistério espiritual, para reinar sobre as coisas da terra e se sujeitar ao Reino do alto. […] Mas o homem desobedeceu e desde então, por causa do seu pecado, ficou separado da árvore da vida, do paraíso e de Deus. A sua condição exigia uma ajuda poderosíssima, que lhe foi concedida. […] Que abundância de bondade é esta? Que mistério é este que me diz respeito? Eu recebi a imagem e não a guardei; e Ele recebeu a minha carne para salvar essa imagem e tornar a carne imortal. Ele ofereceu-me uma segunda participação, muito mais espantosa que a primeira. Anteriormente, tinha participado no que havia de mais alto, agora vem participar no que há de mais baixo. Este último gesto é ainda mais divino que o primeiro, ainda mais sublime para aqueles que têm inteligência para o compreender.
São Gregório de Nazianzo (330-390) bispo, doutor da Igreja – Discurso 45 para a Páscoa