Desenvolver em nós o germe do amor

São Basílio (c. 330-379) monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja
«Grandes Regras», quest. 2

O amor de Deus não se ensina. Ninguém nos ensinou a apreciar a luz ou a valorizar a vida acima de tudo, nem a amar aqueles que nos deram à luz ou nos criaram. Da mesma forma, ou melhor, com mais razão ainda, não é um ensinamento exterior que nos ensina a amar a Deus. Na própria natureza do ser vivo – e refiro-me ao ser humano – existe um germe que contém em si o princípio dessa capacidade de amar. É à escola dos mandamentos de Deus que cabe acolher este germe, cultivá-lo com diligência, alimentá-lo cuidadosamente e levá-lo à perfeição através da graça divina. Na medida em que o Espírito Santo nos ajudar, esforçar-nos-emos, com a ajuda de Deus e das vossas orações, por acender a centelha do amor divino que está escondida em vós. […] Vivemos santamente na virtude usando leal e adequadamente essas faculdades; pelo contrário, desviando-as do seu fim, somos arrastados para o mal. Esta é, de facto, a definição do vício: o uso abusivo, contrário aos mandamentos do Senhor, das faculdades que Deus nos deu para o bem; e esta é, consequentemente, a definição da virtude que Deus exige de nós: o uso consciente dessas faculdades de acordo com os mandamentos do Senhor. Assim sendo, diremos o mesmo da caridade: tendo recebido de Deus o mandamento do amor, possuímos imediatamente, desde a nossa origem, a faculdade natural de amar.

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