São Narsés Snorhali (1102-1173) patriarca arménio
«Jesus, Filho único do Pai», segunda parte, §§ 570-580; SC 203
A minha alma, princesa real,
quando no mundo entrei através dela,
em guerra feroz se lançou
contra os conquistadores das trevas.
De início, não pensou em sua mente
que com dez mil
– ela própria e os sentidos do seu corpo –
poderia liderar o combate. […]
As testemunhas elogiaram-me
como quem conhece as próprias capacidades
para lutar contra um adversário fraco
e não contra um antagonista que me supera.
Mas, quando o meu anjo me enviou,
antes de eu ir para a guerra,
a vontade do meu livre arbítrio
para fazer a paz de acordo com a lei,
Não dei ouvidos ao conselho
do teu mandamento em forma de parábola;
por isso, caí no campo de batalha,
perfurado por mil feridas incuráveis.
Vi outros com um corpo semelhante ao meu
vencer na arena;
e julguei que também eu, tal como eles,
venceria em combate singular.
Mas, quando vieram as tentações,
revelando a minha frouxidão,
separaram-me do grupo dos virtuosos
e deixaram-me no grupo dos celerados.
Tu, porém, meu Rei celeste,
Filho único do Pai todo-poderoso,
sê o companheiro de armas da minha fraca alma
no combate espiritual.
Derruba os mil que tenho à minha esquerda,
aqueles que lutam com maldade manifesta,
e os dez mil que tenho à minha direita,
esses que tomam a aparência de bem.
Fortalece-me contra essas espadas
com a arma da tua verdade;
e protege a minha cabeça, membro sublime,
com o capacete do teu sinal.