«Perdoa-lhe»

São Charles de Foucauld (1858-1916) eremita e missionário no Saara
Carta de 15/07/1916

O amor não consiste em sentirmos que amamos, mas em querermos amar. Quando queremos amar, amamos; quando queremos amar acima de tudo, amamos acima de tudo. Se acontecer sucumbirmos a uma tentação, não é porque o amor não exista, é porque é demasiado fraco. Temos de chorar, como São Pedro, de nos arrepender, como São Pedro, […] mas, também como ele, de dizer três vezes: «Amo-Te, amo-Te, amo-Te, Tu sabes que, apesar das minhas fragilidades e dos meus pecados, eu Te amo» (cf Jo 21,15s). Jesus provou abundantemente o amor que tem por nós, para que nele acreditemos mesmo sem o sentirmos. Sentir que O amamos e que Ele nos ama seria o Céu; mas o Céu, salvo em raros momentos e com algumas exceções, não é aqui em baixo. Lembremos sempre uns aos outros esta dupla história: a das graças que Deus nos deu pessoalmente desde que nascemos e a das nossas infidelidades; aí acharemos […] motivos infinitos para nos perdermos, com ilimitada confiança, no seu amor. Ele ama-nos porque é bom, não porque nós sejamos bons; não é verdade que as mães amam os filhos desencaminhados? E havemos de encontrar muitas razões para a humildade e a desconfiança de nós próprios. Procuremos resgatar uma parte dos nossos pecados através do amor ao próximo, do bem que fazemos ao próximo. A caridade com o próximo, o esforço por fazer bem aos outros, é um excelente remédio para as tentações: é passar da simples defesa ao contra-ataque.

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