«Cumpriu-se o tempo [….]. Vinde Comigo.»

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942)carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
O Mistério do Natal

O Menino do presépio é o Rei dos reis, Aquele que reina sobre a vida e a morte, Aquele que diz «Segue-Me», e que quem não é por Ele é contra Ele (cf Lc 11,23). E também no-lo diz a nós, colocando-nos perante a necessidade de escolher a luz ou as trevas. Ignoramos aonde pretende o Menino Deus conduzir-nos neste mundo, e não nos compete perguntar antes do tempo. Sabemos apenas que todas as coisas concorrem para o bem dos que amam o Senhor (cf Rom 8,28), e que os caminhos traçados pelo Senhor nos conduzem ao outro mundo.  

Ao tomar corpo, o Criador do género humano oferece-nos a sua divindade. Deus fez-Se homem para que os homens pudessem tornar-se filhos de Deus. «Oh admirável comércio!» Foi para isto que o Salvador veio ao mundo. Um de nós tinha quebrado o elo da nossa filiação divina, era um de nós que tinha de o restabelecer e de expiar a falta. Mas nenhum ramo da antiga árvore, doente e degenerada, teria capacidade para tal; era preciso que neste tronco fosse enxertada uma planta nova, sã e nobre. E assim, Ele tornou-Se um de nós e simultaneamente mais do que isso: tornou-Se um connosco. É isso que o género humano tem de maravilhoso: o facto de sermos uma unidade. […] Ele veio formar um corpo misterioso connosco, um corpo de que Ele é o chefe, a cabeça e nós os membros (cf Ef 5,23.30).  

Se aceitarmos dar as mãos ao Menino Deus, se respondermos afirmativamente ao seu «Segue-Me», seremos seus e teremos aberto caminho para que a sua vida divina passe por nós. Esse é o começo da vida eterna em nós. Não é ainda a visão beatífica na luz da glória, estamos ainda na obscuridade da fé, mas já não é a obscuridade deste mundo – estamos já no Reino de Deus.

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