«Não julgueis e não sereis julgados»
São Charles de Foucauld (1858-1916) eremita e missionário no Saara
Sobre o Evangelho
«Não julgueis e não sereis julgados». Quanto amas os homens, meu Deus, Tu que nos proíbes de os julgarmos e reservas esse julgamento para Ti, seu único Pai, seu único Mestre, seu único Juiz! Quanto amas os homens, Tu que queres que eles sejam tão amados uns pelos outros, e lhes dás este mandamento tão apropriado para manter entre eles a estima mútua, que é mãe do amor, levando-os assim a amarem-se uns aos outros! Como és bom, Tu que queres tanto prendê-los a Ti e desenvolver neles o teu amor que lhes dás este mandamento tão apropriado para estabelecer neles o teu amor, mandamento que, suavizando-lhes o coração para que não seja amargo com os homens, o torna, por esse mesmo facto, mais doce para contigo (pois só temos um coração, que será amargo com todos ou doce com todos); e também porque, desviando a sua atenção das ações dos outros homens, proibindo-os de os julgar, lhes facilitas dedicarem toda a sua atenção, o seu olhar, a sua contemplação, o seu amor só a Ti! Não julguemos; em obediência a estas palavras de Jesus e a tantas outras semelhantes […], porque não temos o direito de o fazer: «Quem és tu para julgares o criado de um outro?» (Rm 14,4) […] Por bondade, tenhamos um coração manso, doce, desprovido de amargura; um coração indulgente, que não julga, que desvia os olhos do mal. A caridade não reflete sobre o mal: tudo crê, tudo espera (cf 1Cor 13,7).