O sal da penitência
São Paulo VI, Papa de 1963 a 1978
Constituição apostólica «Paenitemini»
Todo o cristão deve seguir o Mestre renunciando a si mesmo, carregando a sua cruz e participando nos sofrimentos de Cristo (Mt 16,24). Assim, transfigurado à imagem da sua morte, torna-se capaz de meditar na glória da ressurreição. Seguirá igualmente o Mestre não vivendo já para si mesmo, mas para aquele que o amou e Se deu a Si mesmo por ele, e também pelos seus irmãos, completando «na sua carne o que falta aos padecimentos de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja» (Gal 2,20; Col 1,24).
Por outro lado, estando a Igreja intimamente ligada a Cristo, a penitência de cada cristão tem igualmente uma relação própria e íntima com toda a comunidade eclesial. Com efeito, é apenas no seio da Igreja que, pelo batismo, ele recebe o dom fundamental da metanóia, quer dizer da mudança e da renovação do homem todo; mas este dom é restaurado e fortalecido pelo sacramento da penitência nos membros do corpo de Cristo que caíram em pecado. «Os que se aproximam do sacramento da penitência recebem da misericórdia de Deus o perdão da ofensa que Lhe fizeram, ao mesmo tempo que são reconciliados com a Igreja, que foi ferida pelo seu pecado e que, pela caridade, o exemplo e as orações, trabalha pela sua conversão» (Lumen Gentium, 11). É na Igreja que a pequena obra da penitência imposta a cada penitente no sacramento participa de uma maneira especial na expiação infinita de Cristo.