Imitemos o exemplo do Bom Pastor

Das Homilias de Santo Astério de Amaseia, bispo
(Hom. 13: PG 40, 355-358-362) (Sec. V)

   Se quereis parecer-vos com Deus, uma vez que fostes criados à sua imagem, imitai o seu exemplo. Se sois cristãos, nome que é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo.
   Considerai as riquezas da sua bondade. Estando para vir como homem ao meio dos homens, mandou à sua frente João, como arauto e exemplo de penitência, e antes de João tinha enviado todos os Profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, o regresso ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.
   Finalmente veio Ele mesmo em pessoa e proclamou com a sua própria voz: Vinde a Mim, vós todos que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. E como acolheu Ele os que escutaram a sua palavra? Concedeu-lhes generosamente o perdão dos pecados e libertou-os, sem demora, de toda a ansiedade: o Verbo os santificou e o Espírito os confirmou; o homem velho foi sepultado na água, e o homem novo, regenerado, resplandeceu pela graça.
   Que se seguiu daí? O inimigo tornou-se amigo, o estranho tornou-se filho, o ímpio tornou-se santo e piedoso.
   Imitemos o exemplo de Cristo, o Bom Pastor. Consideremos os Evangelhos e, vendo neles, como num espelho, aquele exemplo de diligência e bondade, procuremos aprender estas virtudes.
   Aí vemos descrita, na linguagem misteriosa das parábolas, a figura de um pastor de cem ovelhas, o qual, ao verificar que uma delas se tresmalhara e andava errante, não permaneceu junto das que pastavam tranquilamente: pôs-se a caminho à procura da ovelha perdida, atravessando vales e florestas, transpondo montanhas altas e escarpadas e percorrendo desertos, num esforço incansável até a encontrar.
   Ao encontrá-la, não lhe bateu nem a impeliu violentamente, mas, pondo-a aos ombros e tratando-a com doçura, reconduziu-a ao rebanho. E foi maior a sua alegria por uma só ovelha reencontrada do que pela multidão das restantes.
   Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são figuras de uma realidade mais profunda.
   Há nestes exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos julgar os homens perdidos sem remédio, nem deixar de ajudar com toda a diligência os que se encontram em perigo. Pelo contrário: reconduzamos ao bom caminho os que se extraviaram e afastaram da verdadeira vida, e alegremo-nos com o seu regresso à comunhão daqueles que vivem recta e piedosamente.

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