Edifiquemos solidamente sobre a muralha, apoiemo-nos com todas as forças na rocha inabalável que é Cristo, segundo as palavras da Escritura: «Colocou os meus pés sobre um rochedo e deu firmeza aos meus passos» (Sl 39,3). Assim estabelecidos e confortados, comecemos a contemplar: veremos o que Ele nos diz e o que podemos responder àqueles que nos censuram […]. Quando tivermos progredido um pouco na ascese espiritual, sob o guia do Espírito Santo, que perscruta as próprias profundezas de Deus, reflitamos como o Senhor é suave, como é bom em Si mesmo. Peçamos com o profeta para ver a vontade do Senhor, peçamos-Lhe que nos leve a visitar, não o nosso coração, mas o seu templo (cf Sl 26,4), e diremos com ele: «A minha alma está prostrada; por isso me lembro de Ti» (Sl 41,7). Estas duas coisas resumem o conteúdo de toda a vida espiritual: à vista de nós próprios, sentimo-nos contritos e perturbados pela nossa salvação; mas respiramos na contemplação de Deus, consolados pela alegria do Espírito Santo. De um lado, o temor e a humildade; do outro, a esperança e a caridade.
São Bernardo (1091-1153) monge cisterciense, doutor da Igreja – Sermão 5 «De diversis», 4-5; PL 183, 556