Memória de São João Bosco, Presbítero

S. João Bosco soube muito bem como pescar a juventude: não basta oferecer a isca da alegria e do divertimento; é preciso também fisgá-la pelo anzol da conversão e da mudança de vida.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6, 1-6)

Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele.

Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.

É com grande alegria que celebramos hoje a memória de S. João Bosco, fundador da Congregação Salesiana. Dom Bosco é, ainda nos dias de hoje, um farol para a evangelização dos jovens, já que ele revolucionou o método tradicional de chegar ao coração da juventude. Com efeito, durante muitos séculos, a Igreja esteve acostumada a viver no meio de uma sociedade cristã, em que as crianças e os educandos, abertos ao Evangelho e às verdades da fé, podiam ser tratados como filhos virtuosos e obedientes. Com a paulatina descristianização da sociedade, porém, os jovens deixaram de portar-se como família e o professor, em sala de aula, já não podia desempenhar o papel de um “segundo pai”. A rebeldia que então fervilhava exigiu, de certo modo, que os métodos educativos se tornassem mais duros e coercitivos, dando origem à tão conhecida figura do mestre ríspido e intransigente, cuja palmatória, se bem inspirasse medo, não podia contudo corrigir os modos nem mudar o coração dos jovens.

Foi nesse contexto, diante da periferia de Turim, repleta de rapazes sem família nem orientação religiosa, que Dom Bosco se fez pescador de homens. Assim, por meio da amorevolezza do seu oratório festivo, ele logrou atrair muitos jovens para fé e para uma profunda mudança de vida. Se antes se educava na base de pauladas e hoje, infelizmente, se educa com adulações e frouxidão, S. João Bosco está aí para nos ensinar que a verdadeira educação cristã não significa amedrontar o jovem nem ser simpático a todo custo, mas atraí-lo para o desafio do amor, dos grandes ideais, dos grandes sacrifícios. — Que S. João Bosco interceda por todos nós e ensine os nossos educadores e as nossas pastorais a pescarem com amor os jovens que Cristo quer para si, tirando-os da mundanidade em que se encontram e trazendo-os para uma vida nova na graça.

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Padroeiro dos jovens, São João Bosco dedicou-se a eles de forma singular e extraordinária ao longo de sua vida. Aos nove anos de idade, ele teve um sonho no qual meninos blasfemavam contra Deus e ofendiam-no. Então, no sonho, o pequeno Joãozinho reagiu com socos e pontapés a fim de que eles parassem com aquilo. Porém, Nossa Senhora apareceu a ele dizendo para não proceder daquele modo, mas para convertê-los de outra maneira: “Fala-lhes da beleza da virtude e da fealdade do pecado”. E foi assim que Dom Bosco educou seus filhos espirituais. Com seu amor amorevolleza, que aprendeu da Virgem Maria, ele conquistou o coração dos jovens. Embora fosse colérico, São João Bosco conseguiu controlar seu ímpeto irascível, a fim de, com a ternura de um pai, atrair os seus filhos para a beleza da virtude. Com uma imensa sabedoria no trato com os jovens, Dom Bosco preparava-os, em última análise, para que compreendessem como deveria ser a relação com Deus. Nesse sentido, quando ele se ausentava de casa, por exemplo, deixava em um lugar visível o seu barrete, a fim de que os meninos, ao vê-lo, lembrassem de seu pai espiritual e não fizessem nada que fosse entristecê-lo. Desse modo, ele os ensinava a olhar para o sacerdote da mesma forma que devemos olhar para Deus, compreendendo a sua presença constante e evitando causar tristezas ao seu coração. Assim, ao pregar a observância dos mandamentos, Dom Bosco conseguiu incitar também o chamado universal à santidade; pois Deus não nos quer apenas sendo “bonzinhos”, Ele nos chama a ser santos, doando generosamente a nossa vida a Ele, como fez o próprio São João Bosco. Que ele interceda por nós nessa busca pela santidade.

Padroeiro dos jovens, S. João Bosco é exemplo para toda a Igreja de como se deve viver o sacerdócio católico, o qual não é mais do que uma participação daquele sacerdócio único e supremo de que nos tem falado há vários dias a Epístola aos Hebreus. E as palavras que o autor sagrado aplica hoje a Jesus Cristo: “Temos um grande sacerdote constituído sobre a casa de Deus” (Hb 10, 21), podem aplicar-se, à sua maneira, a esse grande presbítero que foi D. Bosco. Pois bem, ao longo das últimas semanas, vimos que ao sacerdote competem duas qualidades principais: a fidelidade e a compaixão, características que não estiveram ausentes da vida de D. Bosco, como fica claro a quem quer que leia a sua biografia. Foi sacerdote compassivo, em primeiro lugar, pela diligência com que acompanhou S. José Cafasso às prisões e pôde, com sua conhecida amorevolleza, conquistar o coração dos jovens ali encarcerados, sentindo em si mesmo a dor que eles sentiam e oferecendo-lhes toda a ajuda necessária, tão logo fossem soltos. Foi sacerdote fiel, ademais, pelo empenho com que buscou instruir nas verdades da fé e educar para a virtude aquelas turbas de jovens andarilhos e necessitados de Turim. Prova disso são os vários livros que ele se deu ao trabalho de compor, a fim de que os jovens recebessem uma formação digna e livre dos erros perniciosos, contrários à fé e à verdade histórica do cristianismo, que eram propagados por não poucos manuais escolares da época. Assim, aquele Sumo e eterno Sacerdote, que permanece vivo para sempre depois de ter vencido a morte, continua presente no curso da nossa história, por meio do ministério dos sacerdotes constituídos sobre a sua casa, que é a Igreja: fiel e compassivo, dedicado e entregue aos demais, a vida de D. Bosco não foi outra coisa senão um constante tornar Cristo presente no meio dos homens. Que ele interceda por nós e, por seus méritos e sufrágios, nos alcance as bênçãos de Deus. — S. João Bosco, rogai por nós!

Referências:

https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-sao-joao-bosco-presbitero-mmxviii

https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-sao-joao-bosco-mmxx

https://padrepauloricardo.org/episodios/memoria-de-sao-joao-bosco-mmxix

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