«Ainda não entendeis nem compreendeis?»

Santo Anselmo (1033-1109) monge, bispo, doutor da Igreja «Proslogion», cap. 6

Não consigo ver a tua luz: é demasiado intensa para a minha vista. Porém, tudo o que vejo, é graças à tua luz que o distingo, como os nossos frágeis olhos veem tudo o que avistam graças ao Sol, sem no entanto conseguirem olhar diretamente para ele. A minha inteligência fica impotente perante a tua luz, que é demasiado ofuscante. Os olhos da minha alma são incapazes de a receber, não suportando sequer permanecer muito tempo fixos nela. O meu olhar fica ferido pelo seu brilho, ultrapassado pela sua extensão; perde-se na sua imensidão, confundido perante a sua profundidade. Ó Luz soberana e inacessível! Verdade total e feliz! Quão longe estás de mim e, no entanto, eu estou tão perto de Ti! Tu escapas quase inteiramente à minha vista, mas eu estou inteiramente sob a tua vista. Por todo o lado irradia a plenitude da tua presença, e eu não consigo ver-Te. É em Ti que ajo e que tenho a minha existência, mas não consigo chegar a Ti. Tu estás em mim, Tu és tudo ao meu redor; contudo, não consigo alcançar-Te com o meu olhar.

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