Sábado da Semana IV da Quaresma

Quaresma

Leitura I Jr 11, 18-20

Quando o Senhor me avisou, eu compreendi; vi então as maquinações dos meus inimigos. Eu era como manso cordeiro levado ao matadouro e ignorava a conjura que tramavam contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos, para não mais se falar no seu nome». Senhor do Universo, que julgais com justiça e sondais os sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que haveis de aplicar-lhes, pois a Vós confio a minha causa.

compreender a palavra
Jeremias faz uma confissão pública da sua situação. Ele recebeu do Senhor um aviso sobre a armadilha em que está a ser encerrado por todos os seus inimigos. Está rodeado de gente falsa que o quer ver condenado e ele em silêncio, o silêncio dos inocentes, está a deixar-se levar sem saber que o conduzem injustamente ao matadouro. Para além de inocente, sente que a vida está a meio, que é contra a sua natureza a morte tão prematura. A sua condição de eleito do Senhor, profeta das nações, não lhe servem de garantia perante os inimigos. O poder que lhe foi dado sobre os povos e sobre os reinos não o vai livrar desta morte injusta e prematura. Esta experiência de Jeremias lembra-nos o mistério de Jesus, levado à morte, inocente, sem possibilidade de escapar às mãos dos inimigos. Porém, o julgamento dos homens aguarda ainda pelo desfecho do julgamento de Deus a quem o justo confia a sua causa.

meditar a palavra
A morte inocente, as conjuras dos inimigos, a armadilha colocada ao justo, são presença constante na vida do cristão. O próprio Jesus diz “o discípulo não é mais que o mestre”. O caminho do cristão é muitas vezes como o de Jesus um caminhar entre os homens, humilhado, perseguido, caluniado, achincalhado, ofendido, mal tratado, “como manso cordeiro levado ao matadouro”. Mas a sua causa está nas mãos de Deus e o julgamento dos homens não tem a última palavra. A experiência de Jeremias é a de Jesus e a de muitos cristãos que, como nós, se reveem no texto de Paulo: “Em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não aniquilados; Trazendo sempre no nosso corpo a morte de Jesus para que também a vida de Jesus se manifeste no nosso corpo.” (2Cor 4, 8-10).

rezar a palavra (Salmo 117)
Na tribulação invoquei o Senhor: Ele ouviu-me e pôs-me a salvo. O Senhor é por mim, nada temo: que poderão fazer-me os homens? O Senhor está comigo e ajuda-me: não olharei aos meus inimigos. Mais vale refugiar-se no Senhor do que fiar-se nos homens. Empurraram-me para cair, mas o Senhor me amparou. O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória, foi Ele o meu Salvador. A mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei de viver, para anunciar as obras do Senhor. Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças. Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.

compromisso
Vou louvar o Senhor com todo o meu coração, por todas as vezes que me libertou dos meus inimigos.

EVANGELHO Jo 7, 40-53

Naquele tempo, alguns que tinham ouvido as palavras de Jesus diziam no meio da multidão: «Ele é realmente o Profeta». Outros afirmavam: «É o Messias». Outros, porém, diziam: «Poderá o Messias vir da Galileia? Não diz a Escritura que o Messias será da linhagem de David e virá de Belém, a cidade de David?» Houve assim desacordo entre a multidão a respeito de Jesus. Alguns deles queriam prendê-l’O, mas ninguém Lhe deitou as mãos. Então os guardas do templo foram ter com os príncipes dos sacerdotes e com os fariseus e estes perguntaram-lhes: «Porque não O trouxestes?». Os guardas responderam: «Nunca ninguém falou como esse homem». Os fariseus replicaram: «Também vos deixastes seduzir? Porventura acreditou n’Ele algum dos chefes ou dos fariseus? Mas essa gente, que não conhece a Lei, está maldita». Disse-lhes Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido ter com Jesus e era um deles: «Acaso a nossa Lei julga um homem sem antes o ter ouvido e saber o que ele faz?» Responderam-lhe: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia nunca saiu nenhum profeta». E cada um voltou para sua casa.

compreender a palavra
Esta pequena passagem do evangelho de João coloca diante de nós uma multidão de gente que vive diante de Jesus sentimentos e interrogações que levam a conclusões diversas. No meio da multidão alguns reconhecem que ele é um profeta, outros acreditam que é o Messias e muitos outros duvidam porque de Nazaré não pode vir coisa boa. Os guardas foram para prender Jesus, mas não se sentiram com capacidade para prender um homem que fala como ele. Os fariseus não podem admitir que Jesus seja o Messias e por isso querem prendê-lo. Todos os que se manifestam a favor de Jesus estão contra os fariseus. Quem se deixa seduzir por Jesus?

meditar a palavra
Se nos pomos a escutar as pessoas a falar sobre Jesus, vamos encontrar tantas opiniões e contradições inimagináveis. Por um lado, Jesus seduz com a sua palavra e com as suas atitudes coerentes com a palavra. Por outro lado, os legalistas não podem admitir que quem não cumpre estritamente a lei e esteja do lado dos mais fracos e dos pecadores, em oposição com os sábios, possa ser o Messias ou mesmo um profeta. De facto, Jesus só tem lugar na vida daqueles que se deixam seduzir. A Jesus não se aceita com argumentos, mas com a relação. Ninguém pode ficar indiferente diante de Jesus, mas reconhecê-lo como Messias exige deixar-se seduzir pela proximidade, pela abertura do coração, pela relação de amor. Também tu é dos dele?

rezar a palavra
Deixei-me seduzir, Senhor. Não foi o suficiente, não foi tanto quanto queria e podia, nem foi tanto quanto precisava, mas deixei-me seduzir e, ainda que nem sempre esta sedução seja suficiente para te seguir sempre e incondicionalmente, também não posso deixar-te. O meu coração não consegue negar-te, recusar-te nem abandonar o teu olhar sedutor.

compromisso
Olho no coração de Jesus e deixo que ele prenda o meu coração ao seu.

Referência: aliturgia.com

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