«Eu sou o Bom Pastor»

São Tomás de Aquino (1225-1274) teólogo dominicano, doutor da Igreja
Lectura super Ioannem X, lect. 3, 1-2

Jesus disse: «Eu sou o bom Pastor». É evidente que o título de pastor é apropriado a Cristo. Com efeito, tal como o pastor apascenta o seu rebanho, também Cristo alimenta os fiéis com o alimento espiritual que é o seu próprio corpo e sangue. Para Se distinguir do mau pastor e do ladrão, Jesus especifica que é o bom Pastor: é bom, porque defende o seu rebanho com a devoção de um bom soldado à sua pátria. Por outro lado, Cristo disse que o pastor entra pela porta e que Ele próprio é essa porta (cf Jo 10,7). Por isso, quando Se declara aqui Pastor, devemos entender que é Ele que entra, e que entra por Si mesmo. Isto é bem verdade, pois Ele mostra que conhece o Pai por Si mesmo, enquanto nós entramos por Ele, e é Ele que nos dá a bem-aventurança. Notemos que mais ninguém é a porta, porque mais ninguém é a luz, a não ser por participação. João Batista «não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz» (Jo 1,8). Cristo, pelo contrário, «era a luz que ilumina o mundo inteiro» (v. 9). Por isso, ninguém se pode chamar porta, porque Cristo reservou esse título para si. Mas Ele comunicou o título de pastor a outros, deu-o a alguns dos seus membros: Pedro também o foi, assim como os outros apóstolos e todos os bispos. «Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração», diz Jeremias (3,15). Embora os chefes da Igreja – que são filhos da Igreja – sejam todos pastores, Cristo diz «Eu sou o bom Pastor» para mostrar a singular intensidade do seu amor. Nenhum pastor será bom se não estiver unido a Cristo na caridade, tornando-se assim membro do verdadeiro Pastor.

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