Para Deus, não há fracassos

Quem segue Jesus Cristo glorifica a Deus chamando-Lhe Deus, mas ao mesmo tempo, inevitavelmente, chama cada homem pelo seu nome, por Ele. É possível que ninguém responda a este chamamento… nunca. Poderá saborear uma doutrina do fracasso. Quem trabalha por Deus poderá ter a sensação de que as várias tarefas que realizou foram um fracasso; mas a obra que engloba essas tarefas não fracassou, porque é a obra de Deus e para Deus não há fracassos. Cabe-nos a nós fazer que uma dessas tarefas não seja um fracasso: a de levar cruz, que nos foi dada para «completar o que falta à Paixão de Cristo». Trata-se de amar; mas não como os artistas, sem erros, sem falhas, sem sobressaltos: temos de amar a Deus com todas as nossas forças (cf Lc 10,27). E pode acontecer que, passadas «todas as suas forças», nos encontremos de cara no chão, derrotados, revoltados, sem compreender porquê: não houve fracasso para a redenção, mas nós não compreendemos nada. Nada nos pode garantir que vivamos bem a nossa vida, porque nada a pesa com o nosso peso. Muitas vezes, teremos a sensação de levar o mundo às costas, no coração, de ter passado tudo aquilo a que os outros chamam juventude, maturidade, velhice ao pé de uma erva que não chegou a crescer. E, quando a vida eterna se nos abrir de par em par, quando tivermos de morrer para podermos ver a Deus, talvez vejamos apenas o tamanho de uma folha de relva. Então, não estaremos seguros da nossa justiça, mas da misericórdia de Deus.

Venerável Madaleine Delbrêl (1904-1964) missionária das pessoas da rua – Uma vocação para Deus entre os homens

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