«Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade»

São Gregório Magno (c. 540-604) papa, doutor da Igreja
Livro XI, SC 212

«Dele dependem o que engana e o enganado; leva os conselheiros à loucura, e entontece os juízes» (Jb 12,16-17). Se todo o homem que tenta enganar o seu próximo é injusto, e se a Verdade diz aos injustos: «Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade», em que sentido se diz aqui que o Senhor conhece aquele que engana? Para Deus, conhecer significa observar e aprovar; portanto, Ele conhece o homem injusto porque o observa e o julga – pois como poderia julgar que um homem é injusto se não observasse? –, mas não conhece o homem injusto porque não aprova a sua conduta. Conhece-o, pois, porque o apanha em flagrante delito, e não o conhece, porque não o reconhece aos olhos da sua sabedoria. Do mesmo modo, diz-se de todo o homem verdadeiro que ele não conhece a falsidade, não porque não saiba censurar outro por uma palavra falsa, mas porque esse mesmo engano, se o conhece em análise, não o conhece em amor, no sentido em que não o comete; mas, se for cometido por outro, é capaz de o condenar.

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