O homem deve realizar obras de justiça na alegria do Espírito Santo, sem assinalar as suas hesitações com um murmúrio perverso. Não se queixará de que lhe falta a primeira raiz – o discernimento do bem –, nele colocada como dom de Deus, nem a graça do Espírito Santo – o fogo da graça que anima a vontade –, que toca essa raiz com os seus conselhos. Se agir com alegre determinação, não deverá sentir-se angustiado com o que fez no passado, movido por um impulso condenável, como se tivesse um elemento de fraqueza na sua raiz interior. E se cair, tornando-se objeto de necessidade, não murmurará para si mesmo: «Ai de mim, ai de mim, que fiz eu para me tornar incapaz ver de antemão as minhas obras em Deus?». Pelo contrário, avançará resolutamente, sem carregar com o peso das suas infidelidades passadas, sem desconfiar de Deus nas suas ações, mas colocando-se em segurança, sem se queixar, em lágrimas, das suas más ações passadas.
Santa Hildegard de Bingen (1098-1179) abadessa beneditina e doutora da Igreja – Os caminhos de Deus, cap. 4