São Paciano de Barcelona (?-c. 390)bispo
Homilia sobre o batismo
O pecado de Adão foi comunicado a todo o género humano, a todos os seus filhos. […] Portanto, é necessário que também a justiça de Cristo seja comunicada a todo o género humano; tal como Adão, pelo pecado, fez que a sua descendência perdesse a vida, também Cristo, pela justiça, dará a vida aos seus filhos (cf Rom 5,19ss) […]. Na plenitude dos tempos, Cristo recebeu de Maria uma alma e a nossa carne. Ele veio salvar esta carne: não a abandonou na morada dos mortos (cf Sl 15,10), mas uniu-a ao seu espírito e fê-la sua. São as núpcias do Senhor, a sua união a uma só carne, a fim de que, segundo «o grande mistério», sejam «dois numa só carne»: Cristo e a Igreja (Ef 5,31). O povo cristão nasceu destas núpcias, sobre as quais desceu o Espírito do Senhor. Essas sementes vindas do Céu dispersaram-se na substância da nossa alma e aí se misturaram. Desenvolvemo-nos então nas entranhas da nossa Mãe e, crescendo no seu seio, recebemos a vida em Cristo. É por isso que o apóstolo Paulo diz: «O primeiro homem, Adão, tornou-se uma alma vivente; o último Adão, um espírito que dá vida» (1Cor 15,45) É assim que Cristo gera filhos na Igreja através dos seus sacerdotes, como diz o mesmo apóstolo: «Fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, por meio do Evangelho» (1Cor 4,15). Com efeito, pelo Espírito de Deus, Cristo faz nascer o homem novo, formado no seio de sua Mãe e trazido ao mundo na pia batismal pelas mãos do sacerdote, com a fé por testemunho. […] Temos pois de acreditar que podemos nascer […] e que é Cristo quem nos dá a vida. O apóstolo João o diz: «A todos quantos O receberam deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: àqueles que acreditam no seu nome» (Jo 1,12).