A alma unida a Deus resiste aos assaltos do demónio

Santa Catarina de Sena (1347-1380)terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
«O dom das lágrimas», cap. III, n.º 90

[Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe:] É bem verdade que o demónio nunca dorme. O seu exemplo serve de lição às almas negligentes das quais ele abusa, que gastam no sono um tempo do qual poderiam tirar tanto proveito. Mas a sua vigilância não consegue prejudicar as almas perfeitas, porque ele não suporta o ardor da sua caridade, nem o perfume da união que têm comigo, o Oceano de Paz. Enquanto permanecer assim unida a Mim, a alma não será enganada: o demónio foge dela como a mosca da panela que ferve ao lume, com medo de se queimar. Se a panela estiver morna, a mosca já não terá medo e entrará nela; embora, muitas vezes, volte a sair a grande velocidade, porque a encontra muito mais quente do que imaginava. O mesmo acontece com a alma que ainda não atingiu o estado perfeito: o demónio, julgando-a morna, entra nela com tentações variadas e numerosas; mas depara com uma alma em processo de se conhecer a si própria e de conceber dor e arrependimento pelas suas faltas, e que, portanto, resiste ao ataque e, para não consentir, acorrenta a sua vontade nos laços do ódio ao pecado e do amor à virtude. Que se regozije toda a alma que experimenta estas agressões, pois este é o caminho que conduz àquele estado doce e glorioso!

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