A nossa alma está destinada Àquele que é grande

Santa Teresa de Ávila (1515-1582) carmelita descalça, doutora da Igreja
Caminho da Perfeição, cap. 28, §§ 3.11-12 (Paço d’Arcos, Edições Carmelo, 2000)

Deixe-se [a alma] de uns acanhamentos que têm algumas pessoas e pensam ser humildade. Sim; não está a humildade em que, se o Rei vos faz uma mercê, não a recebais, mas em aceitá-la e entender quão excessiva é e alegrar-vos com ela. Engraçada humildade que eu tenha o Imperador do Céu e da Terra em minha casa, que a ela vem para me fazer mercê e recrear-Se comigo, e, por humildade, não Lhe queira responder nem estar com Ele, nem aceitar o que me dá, senão que O deixe só! E, estando-me a dizer e a rogar que Lhe peça, por humildade eu fique pobre, e mesmo O deixe ir, por ver que não acabo de me determinar! Não cuides, filhas, saber dessas humildades, mas tratai com Ele como a Pai e como a Irmão, e como a Senhor e como a Esposo; às vezes de uma maneira, outras vezes de outra, que Ele vos ensinará o que deveis fazer para O contentar. […] É que, em verdade como [Deus] é o Senhor, traz consigo a liberdade; e, como nos ama, faz-Se à nossa medida. Quando uma alma começa, a fim de que ela não se alvorote, vendo-se tão pequena para conter em si tanta grandeza, o Senhor não Se dá a conhecer até que a vá alargando pouco a pouco, conforme ao que entende é mister para o que nela quer pôr. Por isso digo que traz consigo a liberdade, pois tem o poder de tornar grande todo este palácio.

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