Se de facto participamos na vida interna da Igreja, a autenticidade e a intensidade dessa participação não é apenas uma questão de conhecimento. É possível ser um excelente teólogo e viver muito pouco da vida de Deus; é possível saber muito bem o que é a Igreja e não ser mais do que uma célula anémica da mesma. Como também é possível «viver a fé» para tudo o que é Deus-eu e não a viver, mas apenas aderir a ela intelectualmente, para tudo o que é Igreja-eu. Mesmo quando vivemos uma vida unida a Jesus, penso que temos de nos perguntar se não faremos dele e do seu amor algo ainda um pouco «histórico», se não O veremos sobretudo como Ele era, e não como Ele é na Igreja. Teremos compreendido, como Joana d’Arc, que «Cristo e a Igreja são um só»? Por vezes, temos com a Igreja a atitude de quem quer um certificado de bom comportamento. A Igreja não dirige: ela é, e nós estamos nela. Ela é o corpo de Cristo e nós estamos nela. Ela é o corpo de Cristo e nós somos membros desse corpo. A nossa dependência da Igreja, a nossa devoção a ela, embora exijam atos e sinais exteriores, são sobretudo uma dependência e uma devoção internas, vitais. Temos uma dependência considerável do corpo que é a Igreja.
Venerável Madaleine Delbrêl (1904-1964) missionária das pessoas da rua – Amar a Cristo-Igreja